02/11/2011

A depressão na meia-idade





A meia-idade poderá manifestar quaisquer sintomas ou síndromas psiquiátricos. O desequilíbrio hormonal, a menopausa e a «crise da meia-idade» não devem ser responsabilizados por todas as perturbações que ocorrem neste momento da vida.


Um diversificado leque de diagnósticos é possível, incluindo neuroses, perturbações da personalidade e psicoses. Pode ocorrer uma esquizofrenia ou doença maníaco-depressiva sob a pressão de acontecimentos importantes no ciclo de vida, particularmente em pessoas que já apresentam um passado com estas perturbações.

Contudo, uma das mais importantes sequelas emocionais durante este período é a depressão. Esta pode resultar de perdas ou mudanças emocionais e físicas, tanto reais como imaginadas, e do reduzido amor-próprio possíveis em ambos os sexos durante esta fase da vida.

A depressão na Meia-idade Psicologicamente

O decurso normal da vida durante a meia-idade poderá gerar situações que fazem despertar sentimentos de tristeza, pesar e depressão. Todos nós já passámos por maus momentos mas a depressão clínica é algo de diferente. Psicologicamente, a depressão pode ser vista como uma reação a uma perda ou alteração específica, tal como o fato de os filhos saírem de casa, ou dever-se a uma experiência ou pressão da vida que vulgarmente produz tristeza, tal como a morte de um familiar, contrariedades profissionais, perdas económicas e rejeição.

A meia-idade traz consigo pressões externas adicionais que podem precipitar alterações do humor. Os pais estão velhos e, muitas vezes, doentes. É possível que a profissão e as relações nem sempre sejam muito satisfatórias.

Clinicamente, estes tipos de depressão são designados por distimia (neurose depressiva) ou depressão profunda.

A distimia é uma depressão crónica fraca, durando pelo menos dois anos. Para além de se sentir deprimido, o doente deverá apresentar pelo menos dois dos outros sintomas clínicos abaixo indicados. Numa depressão profunda, o doente apresenta uma depressão que dura há mais de duas semanas e pelo menos cinco dos sintomas abaixo indicados. Nestes tipos de depressão a cura é demorada.

Quadro clínico tradicional para a depressão num adulto – sintomas

O quadro clínico tradicional para a depressão num adulto poderá apresentar os seguintes sintomas:

1. Um sentimento persistente de tristeza, depressão, infelicidade ou de vazio.
2. Perda do interesse e da satisfação nas atividades normais, inclusive nas relações sexuais.
3. Energia reduzida, fadiga e cansaço.
4. Problemas do sono, como dificuldade em adormecer ou em continuar a dormir, acordar de madrugada ou dormir de mais.
5. Perda de apetite e de peso ou comer em demasia.
6. Sentimentos de culpa, inutilidade e desamparo.
7. Sentimentos de desespero, pessimismo e de que a vida é inútil.
8. Dificuldades de concentração, memória, e em tomar decisões.
9. Preocupação e aflição.
10. Irritabilidade, agitação, inquietude e ansiedade.
11. Acessos persistentes de choro.
12. Dores crônicas e outros problemas físicos que não parecem reagir a tratamento.
13. Pensamentos recorrentes de morte e suicídio.

A depressão que ocorre pela primeira vez na meia-idade, ou posteriormente, pode ser mais grave e implicar mudanças na capacidade do indivíduo para analisar a realidade. Estas depressões são consideradas de proporções psicóticas. Uma grave perturbação afetiva com características psicóticas era anteriormente designada como reação psicótica depressiva. Há muitos anos chamava-se reação psicótica involutiva (involutiva devido às mudanças degenerativas que ocorrem entre os quarenta e os sessenta e cinco anos). Independentemente do nome que se lhe dá, este tipo de depressão é também atribuível a determinada vivência. Neste caso, as características clínicas anteriormente descritas manifestam-se de uma forma muito mais intensa. Além disso, há uma debilitação na capacidade de análise da realidade. Ocorrem ilusões (falsas crenças), normalmente sobre temas deprimentes como a doença, o castigo, a morte ou a incapacidade pessoal. Podem também ocorrer alucinações e o funcionamento normal do paciente é afetado.


A depressão profunda

A depressão profunda pode também ser de tipo melancólico, o que corresponde ao antigo diagnóstico de melancolia involutiva. Neste caso existe uma investida gradual de uma depressão grave que ocorre no período involutivo. Normalmente não se registam episódios anteriores. Esta doença surge especialmente naquelas pessoas que apresentam uma personalidade rígida e compulsiva. Esta reação manifesta-se em insónias insuportáveis, pensamentos suicidas, preocupação, ansiedade e muita culpa. Ocorrem mudanças físicas acentuadas, tais como anorexia grave, perda de peso e obstipação. Poderá haver um retardamento ou agitação em termos psicomotores.

O período involutivo pode também fazer surgir um estado paranoico involutivo ou as chamadas ilusões (comportamento paranoico). Neste caso, as ilusões ou falsas crenças não se devem a qualquer perturbação mental. Têm a ver com situações da vida real e não com ideias ou acontecimentos bizarros. Os doentes que sofrem desta perturbação talvez se queixem de que estão a ser perseguidos ou maltratados, têm uma doença grave, são amados por uma pessoa importante ou estão a ser enganados pelo parceiro sexual. Alucinações visuais ou auditivas não são vulgares.



 

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